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Reconstituição artística |
David Legg, em pesquisa que fez parte de seu doutorado no Departamento de Ciências da Terra e Engenharia do Imperial College de Londres, quando viu o pequeno fóssil com pinças pela primeira vez, logo pensou no Edward Mãos-de-tesoura, personagem representado por Johnny Depp no filme de mesmo nome, em 1990. Resolveu então homenagear o artista de que é fã e deu ao artrópode o nome de Kootenichela deppi (chela, em latim, é a palavra para tesoura). O fato é que o ator, se ainda não foi reconhecido pela "Academia" de Hollywood, já está imortalizado pela academia científica. E, afinal, o astro que deu vida ao pirata Jack Sparrow merecia ter o nome imortalizado em um animal que viveu nos mares do Cambriano, há 500 milhões de anos, não?
Pequenino, com apenas 4 centímetros de comprimento, o bichinho parecia uma centopeia, com patinhas que usava para percorrer o fundo de mares rasos, revirando-o atrás de comida. Não havia corais, naquela época, e ele devia circular no meio de esponjas, futucando o sedimento atrás de restos ou de animais vivos.
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Imagem do fóssil de Kooteninchela deppi |
O Kooteninchela deppi pertence a um grupo chamado de Megacheira, artrópodes com apêndices, ou garras frontais, em forma de pinças. Esses animais estão relacionados ao grupo de artrópodes que inclui aranhas, escorpiões, centopéias, miriápodes, insetos e caranguejos.
Legg acrescenta: “Imagine só: os camarões com maionese no seu sanduíche, a aranha na parede e mesmo a mosca que bate na sua vidraça são descendentes do Kooteninchela deppi. As estimativas atuais indicam que há mais de um milhão de insetos conhecidos e potencialmente 10 milhões a serem ainda catalogados, o que pode significar que o Kooteninchela deppi tem uma grande árvore genealógica.”
A pesquisa foi publicada na revista Journal of Palaeontology de maio/2013.