domingo, 19 de maio de 2013

Johnny Depp "vira" fóssil

Reconstituição artística

David Legg, em pesquisa que fez parte de seu doutorado no Departamento de Ciências da Terra e Engenharia do Imperial College de Londres, quando viu o pequeno fóssil com pinças pela primeira vez, logo pensou no Edward Mãos-de-tesoura, personagem representado por Johnny Depp no filme de mesmo nome, em 1990. Resolveu então homenagear o artista de que é fã e deu ao artrópode o nome de Kootenichela deppi (chela, em latim, é a palavra para tesoura). O fato é que o ator, se ainda não foi reconhecido pela "Academia" de Hollywood, já está imortalizado pela academia científica. E, afinal, o astro que deu vida ao pirata Jack Sparrow merecia ter o nome imortalizado em um animal que viveu nos mares do Cambriano, há 500 milhões de anos, não?

Pequenino, com apenas 4 centímetros de comprimento, o bichinho parecia uma centopeia, com patinhas que usava para percorrer o fundo de mares rasos, revirando-o atrás de comida. Não havia corais, naquela época, e ele devia circular no meio de esponjas, futucando o sedimento atrás de restos ou de animais vivos.

Imagem do fóssil de Kooteninchela deppi
Ele também tinha olhos constituídos de muitas lentes, como os olhos compostos das moscas, posicionados no topo de pedúnculos que facilitariam sua busca por comida e fuga dos predadores.

O Kooteninchela deppi pertence a um grupo chamado de Megacheira, artrópodes com apêndices, ou garras frontais, em forma de pinças. Esses animais estão relacionados ao grupo de artrópodes que inclui aranhas, escorpiões, centopéias, miriápodes, insetos e caranguejos.

Legg acrescenta: “Imagine só: os camarões com maionese no seu sanduíche, a aranha na parede e mesmo a mosca que bate na sua vidraça são descendentes do Kooteninchela deppi. As estimativas atuais indicam que há mais de um milhão de insetos conhecidos e potencialmente 10 milhões a serem ainda catalogados, o que pode significar que o  Kooteninchela deppi tem uma grande árvore genealógica.”

A pesquisa foi publicada na revista Journal of Palaeontology de maio/2013.